A Cacau Show, marca nacionalmente conhecida por seus chocolates, virou assunto nas redes sociais na última semana. Relatos apontam que, nos bastidores, a realidade de quem gerencia uma loja pode ser bem diferente da imagem de sucesso e parceria divulgada nas redes sociais da empresa.
Muitos comparam o ambiente interno a uma verdadeira seita, marcada por eventos grandiosos, com músicas motivacionais, palestras emocionantes e quase nenhuma abertura para críticas ou questionamentos.
Sob a liderança de Alexandre Tadeu da Costa, conhecido como Alê Costa, a empresa promove encontros presenciais e virtuais para reforçar a dedicação à marca. Porém, de acordo com diversos relatos, os momentos de “inspiração” têm sido usados também como forma de controle.
Segundo franqueados, qualquer tentativa de contestar normas contratuais ou aumento repentino nos preços dos produtos é vista como afronta à empresa.
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Cacau Show é acusada de retaliações e perseguição
Apesar da imagem positiva nas campanhas de marketing, muitos franqueados revelam episódios que apontam uma conduta preocupante por parte da Cacau Show. Reclamar, por exemplo, de cobranças indevidas ou da qualidade dos produtos pode resultar em represálias.
Alguns donos de loja relatam ter recebido caixas de chocolate perto da data de vencimento ou produtos que vendem pouco, o que prejudica diretamente o faturamento.
Para muitos, o modelo de franquia se tornou um fardo. Há casos em que lojistas precisaram fechar as portas por não conseguirem arcar com os prejuízos causados por essas supostas estratégias da empresa.
Disputas judiciais
As denúncias não param nos bastidores. A empresa responde a diversos processos movidos por franqueados insatisfeitos. Em um deles, que tramita na 25ª Vara Cível de Brasília, o juiz reconheceu a prática de retaliação, ao comentar que a empresa restringiu o crédito de franqueados em litígio, obrigando-os a pagar à vista por produtos, como forma de punição.
O magistrado ainda destacou que tal medida atinge o direito constitucional ao exercício da profissão e à livre iniciativa, além de tentar inibir os franqueados de acionar a Justiça, o que é inaceitável dentro do ordenamento jurídico brasileiro.
Perfil “Doce Amargura”
Um grupo de franqueados decidiu criar um perfil nas redes sociais para denunciar o que enfrentam nos bastidores da marca. Chamado de “Doce Amargura”, o espaço reúne relatos anônimos sobre a relação com a Cacau Show. A a da página, que ainda comanda uma loja, optou por usar um pseudônimo por temer novas retaliações.
Mesmo mantendo o anonimato, ela recebeu a visita do vice-presidente da empresa, Túlio Freitas, em sua loja no interior de São Paulo. A mais de 600 km da sede, o encontro causou estranhamento.
Segundo a franqueada, ele perguntou “o que era preciso” para que ela parasse de expor os problemas. Desde então, ela busca, na Justiça, a rescisão do contrato.
Empresa nega irregularidades
Após as denúncias ganharem visibilidade, a Cacau Show se pronunciou em nota oficial. A empresa afirmou não reconhecer as acusações feitas pelo perfil “Doce Amargura” e reforçou que atua com base em respeito, confiança mútua e diálogo.
A marca ainda defendeu que as visitas do vice-presidente fazem parte da rotina para estreitar laços com os lojistas, e não teriam relação com as denúncias. “Seguimos firmes em nosso propósito: vivemos para, juntos, tocar a vida das pessoas, compartilhando momentos especiais”, diz o comunicado.
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Resumo: Franqueados da Cacau Show denunciam práticas semelhantes às de uma seita, como punições para quem questiona regras e clima de culto à liderança. Acusações vão de retaliações comerciais a pressões psicológicas, gerando polêmicas e disputas judiciais. A empresa, por sua vez, nega irregularidades e afirma manter relacionamento baseado em confiança e respeito.
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